Dra Luciara Batista — Ginecologista e Obstetra

Tudo sobre a mama: dores, doenças benignas e câncer de mama

mama

A mama tem como função fisiológica produzir leite para alimentar os bebês. É uma estrutura complexa formada por diferentes tecidos (adiposo, conjuntivo e glandular), vasos (sanguíneos e linfáticos) e fibras nervosas. 

Elas estão presentes nas mulheres em duplas (também chamadas de seios) e, além da função de amamentar, também têm influência na feminilidade, autoestima, identidade e sexualidade da mulher.

Causas de dores na mama

Esta parte do corpo feminino é muito delicada. Diferentes fatores podem causar dor (mastalgia) ou sensação de hipersensibilidade na mama, podendo ser classificada em dois graus de intensidade.

O grau 1 (leve) é considerado normal, pois não interfere no dia a dia da mulher. Já o grau 2 (intenso) é severo e necessita de acompanhamento médico, uma vez que impede a realização de tarefas diárias.

As principais causas das dores na mama são:

Início da puberdade;

– TPM ou menstruação;

– Gravidez;

– Amamentação;

– Uso de medicamentos;

– Mudança de anticoncepcional; 

– Cisto na mama.

Como detectar problemas na mama

É importante que ao menor sinal de alteração a mulher procure atendimento pois a detecção precoce, principalmente do câncer de mama, aumenta as chances de cura. A detecção precoce depende de fatores bem simples, mas que podem fazer toda a diferença para a saúde. São eles:

Autoexame: esta é uma das principais formas de detectar um nódulo na mama e prevenir doenças, principalmente o câncer. Deve ser realizado todo mês, da forma que a mulher se sentir mais confortável (no banho, troca de roupa, etc), sete dias após a menstruação. Quando a mulher já está na menopausa o ideal é fazer em dias alternados a cada mês. 

Mamografia: a Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda que mamografia seja realizada anualmente em mulheres com 40 anos ou mais, para diagnóstico precoce. 

Em casos comprovados  de mutação BRCA1 ou BRCA2 em familiar de primeiro grau, deve-se fazer o exame a partir de 25 – 30 anos, bianual, até os 40 anos.

Quem tem história familiar positiva para dois familiares de primeiro grau ou um familiar de primeiro grau antes dos 40 anos, iniciar 10 anos antes do diagnóstico do familiar. Ou seja: se o familiar foi diagnosticado com 40 anos deve-se iniciar o exame aos 30 anos, por exemplo.

No Sistema Único de Saúde (SUS), a mamografia é realizada a partir dos 50 anos, bianual, na ausência de fatores de risco.

Doenças benignas da mama

A presença de nódulos na mama é uma das queixas mais comuns nos consultórios de ginecologia. É normal que as mulheres se assustem um pouco, mas a boa notícia é que a maioria deles é benigna. Os principais tipos são: 

Fibroadenoma: são tumores firmes e elásticos com bordas regulares e lisas. Crescem lentamente, atingem no máximo 3 cm e aparecem geralmente na fase da puberdade. Podem sofrer alterações no tamanho conforme a fase do ciclo menstrual.

Tumor phyllodes: tem as mesmas características do fibroadenoma, porém é maior e tem crescimento rápido. É raro (apenas 0,5% dos casos de lesões mamárias) e ocorre geralmente após os 35 anos.

Fibroadenoma juvenil: apresenta o mesmo quadro do tumor phyllodes, porém aparece logo após a menarca (primeira menstruação).

Cistos: são nódulos amolecidos, de bordas lisas e bem definidas. Podem ser simples (conteúdo líquido) ou complexos (presença de componente sólido no interior). Costumam provocar dor quando crescem repentinamente.

Vale lembrar que cabe ao médico avaliar e, se necessário, solicitar exames para diagnosticar o tipo de lesão. 

Câncer de mama

O câncer de mama corresponde a cerca de 29% dos casos de câncer em mulheres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer – INCA, é causado pela multiplicação desordenada das células da mama.

Ainda segundo o INCA, aproximadamente 30% dos casos de câncer de mama poderiam ser evitados se mais mulheres aderissem a um estilo de vida saudável.

No entanto, não é totalmente possível prevenir a doença porque há múltiplos fatores envolvidos, a maioria deles não modificáveis. Porém alguns hábitos podem proteger a mulher do desenvolvimento da doença.

Sintomas do câncer de mama

Os principais sintomas do câncer de mama são:

  • Surgimento de nódulo geralmente indolor, duro e irregular;
  • Pele da mama com aparência de casca de laranja;
  • Retração da pele;
  • Dor local;
  • Inversão do mamilo;
  • Hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo);
  • Descamação ou ulceração do mamilo;
  • Secreção papilar.

Fatores de risco para o câncer de mama

A predisposição genética tem grande influência no surgimento da doença, no entanto também há questões comportamentais consideradas fatores de risco, que são: excesso de peso corporal, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas.

Fatores protetores contra o câncer de mama

Ter hábitos saudáveis pode minimizar o risco de desenvolver o câncer de mama. Entre eles podemos citar: prática de atividades físicas, alimentação saudável, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e evitar o uso de hormônios sintéticos, principalmente sem orientação médica.

Tratamento do câncer de mama

O Sistema Único de Saúde – SUS disponibiliza todos os recursos ao tratamento do câncer de mama, incluindo cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos.

Além disso, a Lei N° 12.812/13 dá à mulher o direito de realizar pelo SUS uma cirurgia de reconstrução mamária quando necessário, se ela desejar o fazer.