Dra Luciara Batista — Ginecologista e Obstetra

Tudo que você precisa saber sobre clareamento íntimo

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O clareamento íntimo vem sendo cada vez mais procurado por mulheres que buscam aumentar o bem-estar e ficar mais à vontade com o próprio corpo.

A coloração da região íntima geralmente não está relacionada à saúde física da mulher, mas tem muita influência sobre sua autoestima e autoconfiança.

O que causa o escurecimento da região íntima?

A pele da região íntima, principalmente nas virilhas, é bastante sensível e pode sofrer alterações de cor e textura em decorrência de mudanças hormonais, depilação frequente, atrito, uso de calcinhas apertadas e calças muito justas.

O atrito constante em um local de dobra úmido causa hiperpigmentação da pele. Para se proteger, a pele cria uma camada espessa que vai escurecendo com o passar dos anos.

Essas mudanças podem ocorrer também na região entre a vagina e o ânus (períneo) e na fenda entre os dois glúteos (sulco interglúteo).

Uma higiene íntima adequada e o ato de secar bem a área também ajudam a manter a pele mais sedosa e uniforme.

Como é feito o clareamento íntimo?

A utilização do laser trouxe ao cuidado íntimo um novo leque de possibilidades, ajudando as mulheres a fazer as pazes com o próprio corpo e recuperar a autoestima e a segurança na sexualidade.

O escurecimento da região íntima pode ser incômodo, mas é possível reverter essa condição. Com os avanços da tecnologia médica, o laser se tornou uma opção eficaz e minimamente invasiva para resolver o problema.

O clareamento íntimo a laser é um tratamento é rápido, indolor e traz resultados muito satisfatórios. São necessárias três sessões principais e uma de manutenção, de acordo com as particularidades de cada paciente. O intervalo recomendado entre uma e outra é de 30 a 40 dias.

Como o laser age na pele no clareamento íntimo?

A aplicação de laser na região escurecida da pele remove a camada superficial do tecido e, ao mesmo tempo, estimula a produção de colágeno na camada mais interna (derme).

O resultado é uma melhor cicatrização e produção de colágeno na região tratada, melhorando também a flacidez no local.

Quem pode fazer clareamento íntimo?

O procedimento pode ser realizado tanto em mulheres mais jovens quanto nas mais maduras. É importante passar por uma avaliação médica, mas de forma geral não há contraindicações.

Vale lembrar que o clareamento íntimo deve ser realizado com um profissional qualificado, e ninguém melhor que um ginecologista para cuidar da sua região íntima.

Autoestima e estilo de vida após o câncer de mama

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Após um tratamento de câncer de mama, principalmente quando há necessidade de realizar a remoção parcial ou total da mama, é comum que as mulheres tenham dificuldade em aceitar o próprio corpo, o que afeta sua feminilidade e autoestima.

Ambas são aspectos muito importantes não só para a autoimagem, mas também para voltar a sentir-se bem consigo mesmas e terem uma vida sexual ativa e saudável.

Nos últimos anos a medicina tem avançado cada vez mais no que se refere ao tratamento do câncer de mama. Quanto mais precocemente a doença for diagnosticada, maiores são as chances de cura e menos agressivo o tratamento.

O autoexame da mamas é a primeira forma de identificar possíveis nódulos, que são o principal sintoma do câncer de mama. Para investigar as alterações,  exames de imagem podem ser recomendados, como ultrassonografia, ressonância magnética e o mais utilizado que é a mamografia.

O Ministério da Saúde preconiza que a mamografia de rastreamento deve ser realizada por mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Quando há suspeita da doença, é realizada uma mamografia diagnóstica que pode ser feita em qualquer idade, seguindo as orientações médicas.

O exame é indispensável para auxiliar no diagnóstico precoce da doença, mas a confirmação de câncer de mama é feita em laboratório pelo exame histopatológico (biópsia).

A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) recomenda que a mamografia seja realizada anualmente a partir dos 40 anos de idade.

O tratamento adotado dependerá muito do estágio da doença, tipo de tumor e condições da paciente. As modalidades de tratamento do câncer de mama podem ser divididas em:

  • Tratamento local: cirurgia e radioterapia.
  • Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

Um novo estilo de vida

O câncer de uma maneira geral é uma doença multifatorial, portanto não existem medidas que possam garantir com total segurança a prevenção da doença.

Mas existem ações que podem diminuir os riscos e são chamadas de fatores protetores que implicam um estilo de vida mais saudável. Isso inclui: praticar atividade física; ter uma alimentação balanceada, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo e evitar terapias de reposição hormonal sem orientação médica.

Após vencer um câncer, além destes cuidados, é necessário continuar o acompanhamento médico e realizar os exames sempre que solicitado. 

Recuperando a autoestima após um câncer de mama

A atenção ao aspecto psicológico é fundamental desde o momento em que a mulher recebe o diagnóstico do câncer de mama até o pós-tratamento, pois a ajudará a lidar melhor com a emoções, sentimentos, medos e transformações desse período.

A recuperação da autoestima passa pelo cuidado com a saúde mental, apoio dos familiares e minimização das sequelas, como a reconstrução da mama, quando necessário e se a mulher desejar.

A Lei N° 9797/99 dá à mulher o direito de realizar pelo SUS uma cirurgia de reconstrução mamária. O procedimento é indicado nos casos em que há necessidade de mastectomia,  mas cabe à mulher tomar essa decisão.

Cinco doenças mais comuns no útero

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Ir ao ginecologista regularmente é fundamental para a saúde da mulher e o ideal é que este hábito tenha início ainda na primeira menstruação. É importante fazer o monitoramento das condições de saúde íntima principalmente com o início da atividade sexual, pois a relação pode ser uma forma de contágio por diversas doenças.

O recomendado é fazer a consulta periódica pelo menos uma vez por ano, mesmo que a mulher se considere saudável, pois este atendimento proporciona a prevenção de problemas de saúde, é uma oportunidade para tirar dúvidas e para que o médico analise sinais e sintomas e solicite exames caso seja necessário.

Entre eles podemos citar o Papanicolau,  popularmente conhecido como preventivo. É o exame citopatológico realizado para detectar alterações nas células do colo do útero e lesões precursoras do câncer.

Principais doenças que ocorrem no útero e colo do útero

A presença de dores, mudanças no ciclo menstrual e alterações na coloração e odor da secreção vaginal podem indicar a presença de problemas no útero.

Vamos citar aqui cinco das principais doenças que acometem o aparelho reprodutor feminino. São elas: 

Infecção por HPV: O Papiloma vírus humano (HPV) é contraído principalmente por meio de relações sexuais, mas o contágio também pode acontecer através de contato de pele com a área infectada, transmissão vertical (da mãe para o bebê) e, em casos muito raros, pelo compartilhamento de roupas íntimas ou toalhas.

Quem contrai o HPV pode desenvolver verrugas genitais e outras lesões na vulva, vagina, colo do útero e ânus, que se não tratadas, podem evoluir para um câncer ginecológico. 

Mioma uterino: são tumores benignos no útero. Dependendo do tamanho e região do útero onde encontra-se, pode causar sangramento e dor e aumento do volume uterino.

Na maioria dos casos os miomas são múltiplos e atingem cerca de 50% das mulheres, a maioria de pele negra. Seu surgimento pode ser influenciado pela obesidade e alterações hormonais.

Endometriose: a endometriose é uma doença crônica em que o tecido que normalmente reveste a parte interior do útero (endométrio) cresce em outras áreas do corpo. Mais de 2 milhões de casos são registrados por ano no Brasil.

A doença apresenta sintomas como irregularidades no período menstrual, fortes dores locais, menstruação intensa e dolorosa (dismenorréia). Dependendo do grau da endometriose pode causar infertilidade. 

Adenomiose: caracteriza-se pela presença de pequenas porções avulsas de endométrio entre a camada muscular do útero (miométrio) e o seu revestimento interno, levando ao aumento do volume uterino, sangramento, dor pélvica e até infertilidade.

Câncer de colo do útero: Este é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina (atrás do câncer de mama e do cólon e reto), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, segundo dados do INCA – Instituto Nacional do Câncer.

O câncer de colo do útero é uma doença silenciosa e praticamente assintomática, no seu estágio inicial. Em estágio mais avançado pode apresentar sangramento intermitente ou após a relação sexual e secreção vaginal anormal.

Por que mulheres têm mais infecção urinária?

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A infecção urinária acontece quando bactérias acometem o trato urinário, ela pode ser de três tipos: uretrite (uretra), cistite (bexiga) ou pielonefrite (rins). 

Sua causa deriva de diferentes microorganismos, mas na maioria dos casos está relacionada à bactéria  Escherichia coli, que faz parte da microbiota intestinal.

A mulher tem 50 vezes mais chance de ter o problema do que o homem. Essa alta frequência acontece devido à facilidade das bactérias migrarem da região perineal para a vulva e à proximidade da vagina com a uretra, facilitando a chegada dos germes até a bexiga.

As relações sexuais, variações de níveis de estrogênio (principalmente na menopausa) e alterações na flora vaginal também facilitam o processo infeccioso.

Sintomas de infecção urinária

Os principais sintomas são:

  • Ardência ao urinar;
  • Sentir vontade mas não conseguir urinar;
  • Urgência miccional (ir ao banheiro toda hora);
  • Urina avermelhada ou com sangue;
  • Urina com alterações de cheiro;
  • Dores no baixo ventre;
  • Febre, quando acomete os rins.

Quando a infecção se instala nos rins provoca também dor nas costas e pode ser confundida com lombalgia. No entanto, a pielonefrite também costuma desencadear calafrios, apatia, cansaço e prostração.

Infecção urinária de repetição

Algumas mulheres passam por este problema com muita frequência, cerca de três, quatro, até cinco vezes por ano. Nestes casos, além de tratar a infecção já instalada é necessário adotar medidas preventivas que podem incluir o uso de medicação.

Como prevenir a Infecção Urinária

O primeiro passo para prevenir o surgimento de uma infecção urinária é beber bastante água. Recomenda-se pelo menos 2 litros por dia, mas essa necessidade pode variar de acordo com o clima e realização de atividades físicas, por exemplo.

Outra forma de prevenir é ir ao banheiro sempre que sentir vontade. O hábito de prender a urina faz com que as bactérias fiquem por mais tempo concentradas no trato urinário, dando a elas mais chance de afetar as condições de saúde.

Também é importante fazer a higiene íntima corretamente, usar o papel higiênico sempre no sentido de frente para trás (da vulva para o ânus) e urinar logo após a relação sexual.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico inicial é feito através da análise do histórico da paciente e relato dos sintomas. No entanto é fundamental fazer uma cultura (exame de urina) para identificar o tipo de microorganismo que está causando o problema.

O tratamento geralmente é feito com antibióticos, mas deverá sempre ser orientado pelo médico.

TPM, você sabe o que é?

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A síndrome Pré-Menstrual (SPM), também conhecida como tensão pré-menstrual (TPM) é um distúrbio crônico que ocorre antes da menstruação e desaparece logo após o seu início.

A TPM caracteriza-se por uma combinação de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais que interferem de forma negativa nas relações Interpessoais da mulher.

Os sintomas são considerados normais quando não interferem no dia a dia, ou seja, mesmo apresentando esses sintomas a mulher consegue desenvolver suas atividades diárias normalmente.

Quando há interferência na rotina, impedindo a mulher de trabalhar e sair de casa, por exemplo, pode ser um caso de Síndrome Disfórica Menstrual. Esta síndrome também é conhecida como Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), é uma forma grave da síndrome pré-menstrual. 

Sintomas frequentes da TPM

As alterações incluem sintomas psicológicos, físicos e comportamentais que geralmente desaparecem com o início da menstruação. Os principais são:

Sintomas Psicológicos: Oscilação de humor, ansiedade, irritabilidade, depressão, sentimento de desvalia, insônia ou aumento da sonolência, diminuição da memória, confusão, concentração diminuída e distração.

Sintomas Físicos: Mastalgia (dor nas mamas), cefaleia (dor de cabeça), enxaqueca, aumento do volume abdominal e sensação de fadiga, dores generalizadas, aumento de peso, fogachos (ondas de calor), tonturas, náuseas e palpitações.

Sintomas Comportamentais: Mudança nos hábitos alimentares, aumento do apetite, avidez por alimentos específicos como doces ou comidas salgadas, não participação em atividades sociais ou profissionais, maior permanência em casa, aumento do consumo de álcool e aumento ou diminuição da libido.

Diagnóstico da TPM

A TPM deve ser diferenciada de outros sintomas psiquiátricos que apenas se acentuam no período pré-menstrual e outras doenças como hipotireoidismo ou hipertireoidismo.

É necessário a presença de um ou mais sintomas afetivos ou somáticos  durante os 5 dias antes da menstruação em cada 1 de 3 ciclos menstruais prévios.

O ideal é que a mulher realize diários por 2 a 3 meses consecutivos, relatando os sintomas para o médico poder realizar o diagnóstico.

Tratamento da TPM

O tratamento deve ser individualizado, iniciando com intervenções no estilo de vida, como:

Dieta: ingerir mais fibras, carboidratos complexos (batata doce, arroz integral), diminuir a ingestão de gorduras saturadas, evitar alimentos salgados por poderem produzir retenção de líquido e consequente desconforto.

Bebidas como café, chá e à base de cola também devem ser evitadas, pois são estimulantes, podendo agravar  a irritabilidade, tensão e insônia.

Exercícios físicos: Várias evidências reforçam que o exercício aeróbico pode elevar os níveis de endorfinas e com isso melhorar o humor.

Vitaminas: Alguns estudos sugerem que a Vitamina B6 (piridoxina) tem efeito benéfico e também os suplementos com cálcio.

Anticoncepcional oral (pílula): A pílula contendo drospirenona parece ser efetiva para tratar os sintomas.

Antidepressivos: apresentam uma taxa de melhora de 60 a 90% dos sintomas. Os mais usados são citalopram, fluoxetina, paroxetina, sertralina e venlafaxina. A sua utilização deve ser avaliada pelo médico.

Você pode viver melhor!

Ciclo menstrual e período fértil

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O ciclo menstrual acompanha as mulheres durante grande parte da sua vida, mas nem todas têm facilidade em administrar as mudanças de humor, cólicas, fluxo e período fértil.

Uma pesquisa da Febrasgo – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, mostrou que mais da metade das mulheres não gostam de menstruar.

No entanto, conhecer o próprio corpo e as características do seu ciclo, além de ir ao ginecologista regularmente é fundamental para lidar de forma mais tranquila com a menstruação.

Fases do ciclo menstrual

Todo mês o corpo feminino se prepara para a gravidez e, se ela não ocorre, a membrana interna do útero (endométrio) passa por uma descamação que é eliminada através do fluxo menstrual. 

O ciclo menstrual dura em média 28 dias, mas pode variar de 21 a 35 dias. O período deve ser contado do dia em que a mulher menstrua até o dia anterior à próxima menstruação e se divide em quatro fases:

Menstruação: é o período de descida do fluxo, em que o corpo expulsa o tecido uterino que se desprendeu, juntamente com sangue. Dura, em média, de 3 a 6 dias.

Fase proliferativa ou folicular: nessa fase os hormônios estimulam o crescimento dos folículos dos ovários e a preparação do endométrio para receber o óvulo fecundado. Ocorre entre a menstruação e a ovulação.

Ovulação: geralmente ocorre na metade do ciclo e marca o período fértil. Nessa fase do ciclo o óvulo é liberado pelo ovário e segue até as trompas para ser fecundado e chega ao útero, onde se implanta. 

Ocorre normalmente no meio do ciclo, mas não é uma regra absoluta. É difícil calcular o período fértil em casos de menstruação irregular.

Fase lútea ou secretora: começa logo após a ovulação. Ocorrem alterações endometriais (parte interna do útero) visando a implantação do embrião.

Quando não acontece a gestação, o corpo lúteo regride e, paralelamente, ocorre a descamação endometrial (menstruação), e assim começa um novo ciclo.

Características do período fértil

O período fértil é a fase em que a mulher tem maior probabilidade de engravidar, quando não faz uso de métodos contraceptivos. É muito importante saber identificar a fase de ovulação, principalmente quando deseja engravidar.

Além de fazer o acompanhamento de todo o ciclo, recomenda-se estar atenta a alguns sinais que o corpo dá quando se inicia o período fértil:

  • A vagina apresenta uma secreção transparente e sem cheiro, que pode ser bem líquida ou um pouco mais espessa, como clara de ovo.
  • A mudança hormonal promove um leve aumento da temperatura corporal.
  • Da mesma forma, os hormônios aumentam a libido e a mulher fica mais disposta ao sexo.
  • Pode ocorrer algum desconforto no baixo ventre, parecido com cólicas menstruais.

Distúrbios do ciclo menstrual

Padrões normais de sangramento: Os padrões normais para a menstruação são:

  • Quantidade: perda sanguínea em torno de 40 ml (25 – 70 ml);
  • Duração: 2 a 7 dias de fluxo;
  • Frequência dos fluxos: entre 24 e 35 dias.

O mais importante é a queixa da mudança de padrão pois, em geral, uma paciente apresenta os mesmos parâmetros durante toda a sua vida reprodutiva.

Padrões anormais de sangramento: Os distúrbios do ciclo menstrual provocam instabilidades nesse período e causam preocupação entre as mulheres. Eles apresentam-se em forma de sangramento anormal ou alterações de padrão. Essas irregularidades podem vir como:

Polimenorréia: sangramento uterino em intervalo inferior a 24 dias;

Oligomenorréia: sangramento uterino em intervalo superior a 35 dias;

Menorragia: volume maior que 80 ml ou sangramento por mais de 7 dias.

Metrorragia: sangramento com intervalos irregulares, com volume e duração variáveis.

Menometrorragia: sangramento prolongado ocorrendo em intervalos irregulares.

Sangramento de escape, intermenstrual ou spotting: sangramento uterino de pequeno volume precedente ao ciclo menstrual regular.

Se o seu ciclo menstrual apresentar alguma alteração,seja ela no tempo de duração ou no fluxo, o ideal é conversar sobre isso com seu ginecologista. A consulta ginecológica é o melhor lugar para tirar suas dúvidas!

Influência do tabagismo na saúde da mulher

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o tabagismo mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano, entre fumantes e não-fumantes expostos à fumaça. E cerca de 20% dos fumantes no mundo são mulheres.

Estudos mostram que fatores como estresse, dupla jornada de trabalho, violência doméstica e até mesmo a baixa autoestima podem influenciar no consumo de cigarros pela população feminina.

Principais riscos do tabagismo para mulheres

O tabagismo é um fator de risco para aproximadamente 50 doenças, entre elas as que mais causam mortes entre mulheres (doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias). Entre os principais problemas de saúde em meio a população feminina que recebem influência do consumo de tabaco, podemos citar:

Acidente Vascular Cerebral: também conhecido como “derrame”, o AVC isquêmico ocorre quando há uma obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria do cérebro.

Trombose: ocorre quando um coágulo sanguíneo se forma nas veias. Geralmente é precedido de problemas circulatórios e acomete principalmente as pernas.

Infarto: acontece quando um coágulo subitamente bloqueia o fluxo sanguíneo para o coração e em muitos casos leva ao óbito. Dor e sensação de “aperto” no peito são os sintomas mais comuns.

Câncer de colo do útero: o fumo na combustão do invólucro de papel possui milhares de componentes cancerígenos. Um dos mecanismos conhecidos na queda da imunidade refere-se à diminuição das células de Langerhans no colo uterino, causando um aumento do aparecimento de lesões precursoras para o  câncer de colo.

O hábito de fumar mais de 20 cigarros por dia aumenta em 5 vezes o risco de progressão das lesões para o câncer.

Infertilidade: a taxa de fertilidade em mulheres fumantes é cerca de 20% menor do que entre aquelas que não fumam. Isso ocorre devido à concentração de nicotina no fluído folicular ovariano.

A associação do tabagismo com toxicidade ovariana cria maior risco de menopausa precoce e define claramente o papel danoso do uso de fumo em mulheres.

Nas tubas uterinas ocorre diminuição da motilidade ciliar e risco maior para gestações ectópicas (fora do útero) e alterações do muco cervical, tanto em viscosidade quanto no aumento da toxicidade local, diminuído a probabilidade de gravidez.

Além disso, pode causar impotência masculina, aumentando as chances dos casais serem inférteis.

Consumo de tabaco durante a gravidez

Mesmo antes de engravidar as mulheres fumantes que desejam ter filhos já são prejudicadas pelo consumo de tabaco. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), quem fuma antes da gravidez possui duas vezes mais chances de ter dificuldades na concepção.

Durante a gestação, além dos prejuízos para a própria saúde, a mulher também coloca em risco o bebê. O tabagismo prejudica a oxigenação fetal e aumenta a probabilidade de intercorrências como placenta prévia, ruptura prematura das membranas, descolamento prematuro da placenta, hemorragia no pré-parto, parto prematuro, aborto espontâneo, crescimento intrauterino restrito e baixo peso ao nascer. 

Tanto durante a gravidez quanto após o nascimento, a exposição ao cigarro é nociva ao bebê, podendo causar mortalidade perinatal (período entre o final da gravidez e primeiros dias após o parto) e comprometimento do desenvolvimento físico da criança.

Cuidados do dia a dia: higiene íntima

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No mundo moderno, a mulher está mais consciente da importância de se cuidar, dando atenção especial à saúde e higiene íntima.

Mesmo assim ainda é grande o número de mulheres que têm vergonha de falar ou fazer perguntas sobre a região íntima, ainda que tenha preocupação com a aparência, cheiro e coloração da vulva.

A consulta com o ginecologista é o melhor lugar para tirar suas dúvidas. Mas, de forma geral os principais questionamentos são:

Como fazer a higiene íntima?

Fazer uma higiene correta da vulva é fundamental para prevenir infecções causadas por fungos e bactérias como candidíase e vaginose bacteriana.

A genitália feminina é uma região naturalmente úmida e que possui defesas naturais que formam a flora vaginal. Se essa flora (conjunto de microorganismos) entra em desequilíbrio pode gerar incômodos e prejudicar a saúde da mulher. Por isso tanto a falta quanto o excesso de lavagens devem ser evitados.

O ideal é fazer a higiene íntima uma vez ao dia. A vulva (parte externa) deve ser lavada com água e um sabonete apropriado, sem o uso de buchas ou esponjas. Deve-se usar somente os dedos para não agredir a região, e não se esqueça de lavar bem o clitóris, onde costuma se acumular o esmegma (secreção sebosa e esbranquiçada) produzido naturalmente pelo organismo.

A vagina (parte interna) não deve ser lavada com duchas ou receber produtos, exceto se houver recomendação médica. Mesmo que seja só com os dedos, a lavagem interna pode causar irritação e deixar o local desprotegido. Uma higiene externa bem feita é o suficiente.

Existem produtos de cuidado íntimo específicos para a mulher, mas seu uso sempre deve ser orientado por um ginecologista, pois além de poder desequilibrar a flora, alguns podem provocar alergias.

Sabonete íntimo: a maioria destes produtos possuem pH mais ácido (entre 4,5 e 5,5), que se assemelha ao pH vulvar, e são hipoalergênicos. Não há comprovação de sua eficácia em promover o equilíbrio do pH vaginal, portanto seu uso não é essencial.

De forma geral o ideal é utilizar sabonetes mais neutros e na forma líquida, pois as barras facilitam a contaminação, já que têm contato com outras partes do corpo e até mesmo de outras pessoas.

Lenço umedecido: são um recurso para as mulheres que passam o dia fora de casa. Os mais indicados são os hipoalergênicos e sem cheiro, pois há menos risco de alergias e irritações.

Absorventes: a escolha do absorvente é algo muito particular e deve levar em consideração o gosto pessoal e o volume do fluxo de cada mulher. Mas independente do tipo escolhido (interno, externo, coletor, etc) a troca deve ser realizada a cada 4 horas no máximo, pois o acúmulo do sangue menstrual pode causar infecções e odor desagradável.

Protetor diário: deve-se evitar o uso de protetores diários pois eles aumentam o calor e umidade na vulva, o que gera um ambiente ideal para a proliferação de fungos e bactérias.

Se sua umidade natural costuma ser excessiva e gerar incômodo, converse com seu ginecologista.

Desodorante íntimo: seu uso é totalmente desrecomendado. Qualquer produto com cheiro ou cores fortes pode prejudicar a saúde íntima.

Odores na região íntima 

O cheiro da genitália feminina ainda é um tabu para a maioria das mulheres e em alguns casos esta preocupação acaba levando ao excesso de lavagens e uso de produtos que podem prejudicar a saúde.

Devido à umidade e secreção próprias, a vulva tem um odor natural característico (que pode sofrer alterações de acordo com o ciclo menstrual), mas isso não significa que algo está errado. 

A mulher só deve preocupar-se na presença de mau cheiro (forte e desagradável), que geralmente vem acompanhado de corrimento e coceira. Se você apresenta um desses sintomas, consulte um ginecologista.

Ingurgitamento Mamário (leite empedrado)

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Um dos principais motivos de interrupção do aleitamento materno são os possíveis problemas mamários. É importante tomar alguns cuidados com a mama durante a gravidez, tirar dúvidas com seu obstetra durante o pré-natal e contar com o apoio da família.

É comum encontrar mães que se queixam de produzir pouco leite ou acham que ele não está sendo suficiente para o bebê.  Geralmente isso está relacionado à mamada incorreta, insegurança ou a uma percepção distorcida.

Mas pode haver também algumas dificuldades físicas como dores e rachaduras nos mamilos, mastite (inflamação) e ingurgitamento mamário.

O que é ingurgitamento mamário

O ingurgitamento ocorre quando o leite se acumula de forma excessiva e acaba ficando mais viscoso, por isso o problema é popularmente chamado de “leite empedrado”.

As mamas ficam muito inchadas e avermelhadas, causando dores e podendo levar a quadros de febre. Além disso, os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê.

É causado principalmente por erros na amamentação ou sucção, uso de sutiã inadequado, interrupção da amamentação e manejo incorreto das mamas.

Como prevenir e tratar o ingurgitamento mamário

O excesso de leite pode ir acumulando nas mamas, especialmente quando o bebê não dá conta de mamar tudo e a mãe não remove o leite que sobra, o que resulta em uma situação de ingurgitamento.

Algumas formas de massagem podem ajudar como:

  • Massagear as axilas ajuda a remover o excesso de líquidos na região das mamas, diminuindo a sensação de mamas inchadas e doloridas.
  • Massagear as aréolas para liberar o leite acumulado nas glândulas.
  • Continuar a massagem pelas mamas, apoiando a mama em uma das mãos e realizando uma pressão de cima para baixo com a outra mão.
  • Aplicação de calor, tomar banhos quentes, por exemplo, ajudam a aliviar a dor e melhoram a circulação do leite.
  • Retire o excesso de leite das mamas. Esvazie as mamas com ordenha e/ou bebê mamando.Sempre finalizar esse processo com compressas frias nas mamas. Calor sem frio, provoca mais ingurgitamento.

Ordenha do leite materno

A ordenha consiste na retirada do volume excessivo de leite das mamas e pode ser feita de forma manual ou com o auxílio de acessórios.

Além de prevenir ou aliviar os sintomas do ingurgitamento mamário, o leite ordenhado pode ser estocado e ofertado à criança quando a mãe estiver fora ou mesmo doado a um banco de leite. 

A retirada manual é a mais indicada por ser feita com maior facilidade e sem riscos de lesões nos mamilos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda os seguintes passos para a ordenhar o leite que será armazenado:

  • Escolha um local tranquilo, limpo e sem a presença de animais;
  • Tenha à disposição um recipiente corretamente higienizado para recolher o leite;
  • Prenda e cubra os cabelos com uma touca ou lenço;
  • Evite conversar durante a retirada ou use uma fralda para cobrir a boca;
  • Lave as mãos e antebraços com água e sabão e seque com uma toalha limpa;
  • Massageie as mamas com as pontas dos dedos   começando na aréola (parte escura da mama) e, de forma circular, abrangendo toda mama;
  • Coloque os dedos polegar e indicador no local onde começa a aréola;
  • Firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo;
  • Comprima suavemente um dedo contra o outro, repetindo esse movimento várias vezes até o leite começar a sair;
  • Despreze os primeiros jatos ou gotas e inicie a coleta no frasco.

Vale lembrar que a orientação do obstetra e do pediatra é de extrema importância para uma amamentação tranquila em que mãe e bebê possam desfrutar de todos os benefícios.

Amamentação: Mitos e verdades sobre alimentação da mãe e saúde do bebê

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Há inúmeros estudos que comprovam a importância e os benefícios da amamentação para a criança, especialmente nos primeiros seis meses de vida, idade recomendada pela Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde para iniciar a introdução de outros alimentos, inclusive água.

No entanto ainda existe muita desinformação a respeito da amamentação, o que leva a baixos índices de alimentação exclusiva com leite materno.

Dados do Datasus (Departamento de Informática do SUS) divulgados pela FEBRASGO – Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, mostram a queda dos percentuais de aleitamento exclusivo no primeiro mês de vida (60,7% dos bebês) e ao completar 6 meses (apenas 9,3% dos bebês).

Produção do leite materno

As mamas são uma estrutura complexa cuja função biológica é produzir leite para amamentar os bebês. Nela estão presentes os lobos (glândulas) mamários, alvéolos (uma espécie de saquinho) e ductos (canais), responsáveis por produzir e armazenar o leite.

A lactogênese (formação do leite materno) é dividida em três fases:

  • Fase I: preparação da mama durante a gestação através de mudanças hormonais. O organismo se adapta à nova condição da mulher, iniciando a formação do colostro (primeiro leite) após a 16ª semana de gravidez. 
  • Fase II: Ocorre logo após o nascimento da criança (de 3 a 4 dias) quando a produção láctea aumenta e ocorre a chamada “descida do leite”.
  • Fase III: também denominada de galactopoiese, é a fase que irá perdurar por toda a lactação. Sua duração depende da sucção do bebê e esvaziamento adequado da mama.

À medida que a criança mama, os hormônios se articulam para produzir mais leite, mas o processo também é influenciado por estímulos condicionados como visão, cheiro e choro da criança, e fatores de ordem emocional, como motivação, autoconfiança e tranquilidade. 

Mitos e verdades sobre amamamentação

As condições de saúde e, principalmente, a alimentação da mãe têm grande importância para a amamentação. Muitas dúvidas podem surgir nessa fase da maternidade, principalmente pela falta de informação ou por informações incorretas. Veja abaixo alguns mitos e verdades sobre esse assunto:

A mulher sente mais fome e sede durante a amamentação?

Verdade! Para produzir leite o organismo precisa de calorias e líquido além do normal. Por isso é importante manter uma dieta balanceada e saudável e beber bastante água.

Canjica branca aumenta a produção leite?

Mito! Não existe nenhuma comprovação científica de que determinados alimentos aumentem o volume de lactação da mulher. Basta que a ela tenha uma alimentação adequada, beba bastante líquido e que o bebê faça a mamada com posição e pegada correta.

Além disso é fundamental que a mãe descanse bastante e tenha um ambiente tranquilo, sem ansiedade e com apoio familiar.

O leite da mãe tem tudo que o bebê precisa?

Verdade! Mesmo que a lactante tenha uma dieta com menos calorias e nutrientes necessários, a composição do leite terá a quantidade de calorias, proteínas, gordura e anticorpos necessários para o bebê. Apenas nas mães com desnutrição grave pode ocorrer algumas alterações.

Existe leite fraco?

Mito! Não existe leite fraco ou forte, ele é sempre adequado para a criança. Inclusive, há estudos que apontam sua adaptação caso a criança tenha algum problema como uma infecção, por exemplo.

Na grande maioria das vezes em que as mães se queixam de produzir pouco leite ou acham que o alimento não está sendo suficiente para o bebê o problema está relacionado à mamada incorreta ou a uma percepção distorcida devido à cobrança e comentários de familiares, que acabam gerando insegurança na mulher.

Tudo que a mãe consome passa para o leite?

Verdade! No que se refere aos alimentos, de forma geral, não é necessário suspender o consumo de nenhum item, mas a mãe deve observar caso algum ingrediente gere efeito na criança e conversar com seu ginecologista ou com o pediatra.

Porém, no que se refere à ingestão de álcool e outras substâncias químicas, é totalmente contraindicado no período de amamentação. Até o uso de medicamentos só deve ser feito sob orientação médica.